sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Edmund Gustav Albrecht Husserl (1859-1938)

BIOGRAFIA

 

Edmund Gustav Albrecht Husserl nasceu no dia 8 de abril de 1859 na antiga república Checa (Império Autríaco), cidade de Prosnitz (Mähren) região da Morávia. Ainda que seu pai e sua mãe fossem judeus no ano de 1886 converteu-se ao cristianismo-luterano. No dia 27 de abril de 1938 faleceu.
Nos anos entre 1869 e 1876, Husserl estudou na Áustria, em Viena e Olmutz. Entre 1876 a 1882 estudou física, matemática astronomia e filosofia na Universidade de Leipzig e, entre 1878 e 1880 estudou Matemática sob a orientação de Karl T. Weierstrass em Berlim. Entre 1880 a 1882 estudou na Universidade de Viena onde doutorou-se, em 1883, defendendo a tese sobre: "Contribuições para a Teoria do Cálculo de Variações".
Entre as maiores influencias deste período, são encontrada, correspondências entre Husserl e o matemático Karl Theodor Weierstrass, o filósofo e também matemático Bernhard Bolzano, Carl Stumpf e o ex-sacerdote católico "psicólogo" e também filósofo Franz Clemens Brentano. No verão de 1884-1885 e 1885-1886, Husserl esteve em Viena onde frequentou as aulas de Brentano, oportunidade esta que acabaria marcando profundamente sua vida e alterando radicalmente a sua postura intelectual, levando-o da Matemática à Filosofia.
Encontrou na obra de Brentano:  "A Psicologia do ponto de vista empírico"; o que considerou ser um novo método para a investigação e conhecimento do funcionamento do psiquismo humano. Conforme Martin Heidegger (Abud: Interpretações Fenomenológicas sobre Aristóteles, Vozes 2011, parte I p. 16): "em Brentano, Husserl vislumbrou o decisivo, e por isso ultrapassou-o de maneira a mais radical, enquanto que os outros estudiosos que receberam influência de Brentano acolheram apenas interpretações particulares, sem levá-la a uma compreensão verdadeira, isto é, a um desenvolvimento que fomenta a problemática". Sigmund Freud e Husserl frequentaram juntos as aulas de Brentano.
Husserl jamais esqueceu a formulação proposta por Brentano, a saber: "Ninguém pode verdadeiramente duvidar que o estado psíquico que em si mesmo percebe não existe e não existe tal como percebe". Passou a "desejar profundamente" explorar o campo da consciência e dos modos de relação com o objeto, o que a escola de Brentano também persegue e, logo, delimita, o que irá tornar-se o objeto de estudo e análise de sua fenomenologia: explorar e conhecer, através de um método, aquilo que chama de, "os campos da consciência". Husserl dialoga com a tradição filosófica aristotélica com estudos feitos em Descartes, Kant (Hume), Hegel, entre outros. Entre 1886 e 1887 estuda na Universidade de Halle com Carl Stumpf. Em 1887 defendeu a sua tese de livre docência na Universidade de Halle onde trabalhou nos quatorze anos seguintes como professor precário (Privatdozent).
As concepções epistemológicas de Husserl passaram por longa e profunda evolução entre 1887 e 1901, período em que esteve em Halle e onde escreveu as "Investigações Lógicas" (publicado em 1903); na Universidade de Goettingen entre 1901 e 1916 elaborou aquela que iria tornar-se obra de referência fundamental para a fenomenologia: "Ideias para uma Fenomenologia pura e  para um Filosofia Fenomenológica" (1913).
O último período de sua carreira como docente será passado na Universidade de Friburgo, entre 1916 e 1928, ano de sua jubilação.
Nos ensaios sobre "Teologia" (A Primeira Filosofia 1923-1924) demonstra que a filosofia fenomenológica e o método de "redução transcendental" é um meio de alcançar a essencialidade da vida e a realização da autonomia ética do homem, assim, em 1229 Husserl realiza pesquisas para fundamentar sua lógica fenomenológica (lógica formal e transcendental) escrevendo vários ensaios ainda não traduzidos para o português, como por exemplo: Formale und transzendentale Logik: Versuch einer Kritik der logischen Vermuft, 1929).
Em 1930, realiza conferências em Amsterdã e Paris, na Universidade de Sorbonne. Aplicando-se para construir uma "Fenomenologia Metódica" o que levaria o "movimento fenomenológico" para um novo tipo de transcendentalismo ou ainda para um novo idealismo científico e a publicação que irá confirmar este caminho é: "Meditações Cartesianas" publicada pela primeira vez em língua francesa no ano de 1931.
Em seus últimos anos de vida, e já aposentado pela Universidade em Friburgo (por força de imposições nazista), "reflete" sobre a crise das ciências no continente europeu e concluiu ser está uma "krisis"  - entendida originalmente como  escolha ou decisão - de identidade, envolvendo todas as nações europeias além de ser uma crise de identidade cultural envolvendo toda a humanidade contemporaneidade.
Na era chamada "nacional-socialista", a qual vivia a Alemanha Nazista, mesmo com o silêncio imposto a pensadores judeus, Husserl passa a produzir mais escritos em seus "anos de retiro" e, convidado para conferenciar em Viena e Praga no turbulento ano de 1935, partindo destes seminários, constrói a primeira parte do que vem a ser a sua última obra a qual foi considerada por muitos seu testamento filosófico: "A crise das ciências europeias e a fenomenologia transcendental"; completou os estudos referentes a ela em 1937, antes de ficar doente no início de 1938, e falecer em 27 de abril de 1938.