quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Consciência de quê?

Kant: "se, porém, todo o conhecimento se inicia com a experiência, isso não prova que todo ele derive da experiência." (Crítica da Razão Pura  B-1)


Como a consciência pode ser investigada por disciplinas diversas da psicologia empírica?


 Husserl, tal como acentua (Hua 18/119,240), não está interessado em analisar as condições de como o ser humano conhece dentro de possibilidades reais ou causais, mas em condições de possibilidade ideais. Ou seja, sua meta não é descobrir as condições psicológicas ou neurológicas fáticas, que precisam ser preenchidas, para que exemplares do homo sapiens possam efetiva e faticamente adquirir conhecimento, mas sua meta é antes expor as capacidades, que cada (sem levar em consideração a constituição empírica ou material) precisa possuir, se é que ele deve ser em geral capaz de conhecimento.
Nos Prolegômenos à Lógica Pura (Forense 2014) a tarefa central de Husserl era mostrar que objetividade e conhecimento científico pressupõem idealidade. Mesmo sendo impossível unificar objetividade científica com uma fundamentação psicológica, se está sempre confrontando com o paradoxo aparente de que verdades objetivas são conhecidas em atos objetivos. E essa relação entre a idealidade objetiva e o ato subjetivo precisa, como Husserl destaca, ser investigada e esclarecida, se é que deve ser alcançada uma compreensão da possibilidade do conhecimento. Para tanto, é necessário determinar como as idealidades são fundamentadas por meio de um sujeito cognoscente e reconhecidas como válidas.

Para Husserl, o psicologismo só pode ser radicalmente superado, se for possível apresentar uma exposição alternativa do status da lógica e da objetividade.

O que é exigido é um retorno às coisas mesmas, a fim de fundar nossas reflexões exclusivamente sobre aquilo que é de fato dado. Em outras palavras: devemos nos ocupar de maneira insenta com aquilo que é a idealidade ou a realidade, precisamos nos manter junto ao seu ser dado na experiência. Mas isto exige ao mesmo tempo que tematizemos a consciência, uma vez que só na consciência, ou muito mais para ela, algo pode aparecer, assim, se desejarmos elucidar o verdadeiro status dos princípios reais, precisaremos nos voltar para o sujeito, que experimenta esses princípios e objetos, pois só aqui eles se mostram como aquilo que eles são (Hua 19/9 - 13, 3/111, 3/53).
A resposta às perguntas que encontramos na teoria do conhecimento e na doutrina da ciência exige uma alteração "não natural" do interesse. Ao invés de nos voltarmos para os objetos, precisamos refletir sobre os atos da consciência, tematizando-os e analisando-os. Só desta maneira estaremos em condições de alcançar uma compreensão entre o ato do conhecimento e o objeto do conhecimento (Hua 19/14). 

O que é a consciência para Husserl?

Husserl critica energicamente o psicologismo e seu interesse em problemas fundamentais ligados a teoria do conhecimento e volta suas investigações para análise da consciência. Husserl critica a tentativa psicologista de reduzir a idealidade humana a um simples processo psíquico, para ele existe um diferença irredutível entre o ato do conhecer e o objeto do conhecimento (neste caso as leis da lógica formal). Para Ele essa diferença precisa ser mantida, apesar de existir uma ligação entre os dois processos, uma ligação que, segundo explica, precisa ser investigada por uma análise materialmente consonante, científica, para que não nos satisfaçamos com postulados vazios.
Segundo Husserl caso se queira compreender a idealidade é preciso retornar, em última instância, aos atos conscientes nos quais a ideação é "dada". Para Husserl, esse retorno à subjetividade não é nenhuma recaída ao psicologismo, segundo explica: em primeiro lugar, não se trata de uma tentativa de compreender o objeto em sua relação ou correlação com os atos e, em segundo lugar, Husserl gostaria de compreender e descrever as estruturas a priori desses atos, os campos da consciência; Ele não está interessado em uma explicação naturalista, que busque descobrir sua gênese biológica ou sua base neurológica mais desvendar os campos da consciência. (Local provável da existência ideal para cada humano).

  Evidência apodítica (Hua 9/300, 3/44-45);

a intuição de estruturas essenciais.

   

 


 

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Investigando sobre o si mesmo na fenomenologia husserliana.



Tema: a natureza quando habitada pelo si-mesmo é capaz de refletir "o Ser"; que torna-se seu fenômeno justamente porque desperta como singular heterogeneidade diante de toda diferença que já existe no mundo. A consciência, potência natural no "Ser", propõe a auto observação no conhecer e pensa sua natureza entre pseudos relances de autonomia no horizonte do espaço-tempo que traça para sua existência. É a lebenswelt que o conduz à presença do "ter e do ser" a fim de que realize escolhas e identifique-se no "si-mesmo".

A natureza do si-mesmo investigamos sob entendimentos obtidos através da filosofia husserliana a qual situa o Ser entre três estruturas:

EU Transcendente: local do imaginário coletivo onde todos somos iguais sem divergências, UM, ponto de encontro entre o Um e o Todo.
EU no outro: o alter-ego, o outro que não é ele mais eu, aquele com o qual me reconheço humano nele, ele como "eu mesmo, encontro de mentes, que se entendem em um coletivo além do próprio corpo.
Eu no corpo: como soma - palavra grega para corpo - nos remete ao corpo como a própria somatização, ou seja, tudo aquilo que compreendemos do mundo da vida esta representado pelo Ser que somos em nosso próprio corpo. 

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Edmund Gustav Albrecht Husserl (1859-1938)

BIOGRAFIA

 

Edmund Gustav Albrecht Husserl nasceu no dia 8 de abril de 1859 na antiga república Checa (Império Autríaco), cidade de Prosnitz (Mähren) região da Morávia. Ainda que seu pai e sua mãe fossem judeus no ano de 1886 converteu-se ao cristianismo-luterano. No dia 27 de abril de 1938 faleceu.
Nos anos entre 1869 e 1876, Husserl estudou na Áustria, em Viena e Olmutz. Entre 1876 a 1882 estudou física, matemática astronomia e filosofia na Universidade de Leipzig e, entre 1878 e 1880 estudou Matemática sob a orientação de Karl T. Weierstrass em Berlim. Entre 1880 a 1882 estudou na Universidade de Viena onde doutorou-se, em 1883, defendendo a tese sobre: "Contribuições para a Teoria do Cálculo de Variações".
Entre as maiores influencias deste período, são encontrada, correspondências entre Husserl e o matemático Karl Theodor Weierstrass, o filósofo e também matemático Bernhard Bolzano, Carl Stumpf e o ex-sacerdote católico "psicólogo" e também filósofo Franz Clemens Brentano. No verão de 1884-1885 e 1885-1886, Husserl esteve em Viena onde frequentou as aulas de Brentano, oportunidade esta que acabaria marcando profundamente sua vida e alterando radicalmente a sua postura intelectual, levando-o da Matemática à Filosofia.
Encontrou na obra de Brentano:  "A Psicologia do ponto de vista empírico"; o que considerou ser um novo método para a investigação e conhecimento do funcionamento do psiquismo humano. Conforme Martin Heidegger (Abud: Interpretações Fenomenológicas sobre Aristóteles, Vozes 2011, parte I p. 16): "em Brentano, Husserl vislumbrou o decisivo, e por isso ultrapassou-o de maneira a mais radical, enquanto que os outros estudiosos que receberam influência de Brentano acolheram apenas interpretações particulares, sem levá-la a uma compreensão verdadeira, isto é, a um desenvolvimento que fomenta a problemática". Sigmund Freud e Husserl frequentaram juntos as aulas de Brentano.
Husserl jamais esqueceu a formulação proposta por Brentano, a saber: "Ninguém pode verdadeiramente duvidar que o estado psíquico que em si mesmo percebe não existe e não existe tal como percebe". Passou a "desejar profundamente" explorar o campo da consciência e dos modos de relação com o objeto, o que a escola de Brentano também persegue e, logo, delimita, o que irá tornar-se o objeto de estudo e análise de sua fenomenologia: explorar e conhecer, através de um método, aquilo que chama de, "os campos da consciência". Husserl dialoga com a tradição filosófica aristotélica com estudos feitos em Descartes, Kant (Hume), Hegel, entre outros. Entre 1886 e 1887 estuda na Universidade de Halle com Carl Stumpf. Em 1887 defendeu a sua tese de livre docência na Universidade de Halle onde trabalhou nos quatorze anos seguintes como professor precário (Privatdozent).
As concepções epistemológicas de Husserl passaram por longa e profunda evolução entre 1887 e 1901, período em que esteve em Halle e onde escreveu as "Investigações Lógicas" (publicado em 1903); na Universidade de Goettingen entre 1901 e 1916 elaborou aquela que iria tornar-se obra de referência fundamental para a fenomenologia: "Ideias para uma Fenomenologia pura e  para um Filosofia Fenomenológica" (1913).
O último período de sua carreira como docente será passado na Universidade de Friburgo, entre 1916 e 1928, ano de sua jubilação.
Nos ensaios sobre "Teologia" (A Primeira Filosofia 1923-1924) demonstra que a filosofia fenomenológica e o método de "redução transcendental" é um meio de alcançar a essencialidade da vida e a realização da autonomia ética do homem, assim, em 1229 Husserl realiza pesquisas para fundamentar sua lógica fenomenológica (lógica formal e transcendental) escrevendo vários ensaios ainda não traduzidos para o português, como por exemplo: Formale und transzendentale Logik: Versuch einer Kritik der logischen Vermuft, 1929).
Em 1930, realiza conferências em Amsterdã e Paris, na Universidade de Sorbonne. Aplicando-se para construir uma "Fenomenologia Metódica" o que levaria o "movimento fenomenológico" para um novo tipo de transcendentalismo ou ainda para um novo idealismo científico e a publicação que irá confirmar este caminho é: "Meditações Cartesianas" publicada pela primeira vez em língua francesa no ano de 1931.
Em seus últimos anos de vida, e já aposentado pela Universidade em Friburgo (por força de imposições nazista), "reflete" sobre a crise das ciências no continente europeu e concluiu ser está uma "krisis"  - entendida originalmente como  escolha ou decisão - de identidade, envolvendo todas as nações europeias além de ser uma crise de identidade cultural envolvendo toda a humanidade contemporaneidade.
Na era chamada "nacional-socialista", a qual vivia a Alemanha Nazista, mesmo com o silêncio imposto a pensadores judeus, Husserl passa a produzir mais escritos em seus "anos de retiro" e, convidado para conferenciar em Viena e Praga no turbulento ano de 1935, partindo destes seminários, constrói a primeira parte do que vem a ser a sua última obra a qual foi considerada por muitos seu testamento filosófico: "A crise das ciências europeias e a fenomenologia transcendental"; completou os estudos referentes a ela em 1937, antes de ficar doente no início de 1938, e falecer em 27 de abril de 1938.
 

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Utilizando o método

  AULA: a metodologia fenomenológica de Husserl - Investigando os campos da consciência.

Tema: Investigando os campos da consciência.
Objetivo:aplicar a metodologia fenomenológica husserliana a fim de reconhecer o que são - "campos da consciência".

PUC-PR: em 22.10.2013.
Curso: Licenciatura em Filosofia
Disciplina: Metodologia do Ensino em Filosofia IV.
Professor: Haroldo de Paula Junior

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Investigando as representações mentais

(Representações mentais = ideais, conceitos, categorias imagens, etc.)

Certamente Husserl conhecia as "Categorias do Pensamento" (classificações) de Kant a fim de realizar investigações sobre o que é a consciência no ser humano a partir de sua interioridade. Certamente Kant conhecia sobre os conceitos de "Categorias do Pensamento" construidos por Aristóteles. Na Idade Moderna, Kant amplia o conceito de categorias do pensamento dizendo ser possível encontrar algum significado nas experiências do si mesmo, perguntando sobre os limites do conhecimento (a chamada "revolução copernicana" de Kant). 
Howard Gardner cita que Kant encontrou em Aristóteles o que chamou de "Categorias do Pensamento" são elas: 1) quantidade (unidade, pluralidade e totalidade); 2) qualidade (realidade, negação e limitação); 3) relação (substância e acaso, causa e efeito e reciprocidade); 4) modalidade (possibilidade, existência e necessidade) e, afim de aprimorar ainda mais o método aristotélico, para Gardner, Kant foi além de Aristóteles, desenvolveu outro nível de análise a que chamou: 5) dos esquemas ou schemata; interpondo-a, justamente, entre a informação sensorial bruta e as categorias abstratas do conhecimento "a priori", como ele mesmo expressou: "Esta representação de um procedimento universal da imaginação de fornecer uma imagem para um conceito eu intitulo o esquema deste conceito". (abud: Gardner, 2003 p.72). 
Até a Idade Moderna os argumentos de Kant foram suficientes para aproximações sobre o "pensar" ( da consciência) e, conforme Gardner, por alguns séculos foi somente através delas possível investigar algo  sobre as experiências do si mesmo.
Porém, para Husserl, segundo J. N. Mohanty (In: Dreyfus, 2012 p.75) as representações categoriais do pensamento eram de dois tipos, a saber: 1) intuitivas (nas quais um conteúdo é dado no ato, embora aqui ele reconheça que quando um objeto externo é dado a consciência, todo o sistema de conteúdos correspondente a tal objeto vai muito além dos conteúdos que são efetivamente imanentes ao ato representado) e; 2) representativa (nas quais o objeto representado não é de modo algum imanente, ou seja, direciona-se à intenção do que não é dado pela representação).
Husserl amplia o conceito de intencionalidade direcionado-o a um objeto transcendente. A intencionalidade justamente se satisfaz quando tal objeto se dá, porém, para Ele a mesma intencionalidade que está no âmago das apresentações intuitivas aponta, também, para algo que ainda não está dado na sua representação, mas poderá estar.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Referências

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


BELLO, Angela Ales. A fenomenologia do Ser Humano. Trad. Antonio Angonese. Bauru, SP: EDUSC, 2000.
________. Fenomenologia e Ciências Humanas. Psicologia, história e religião. Trad. Miguel Mahfoud e Marina Massimi. Bauru, SP: EDUSC, 2004.
________. Introdução à Fenomenologia. Trad. Jacinta Turolo Garcia e Miguel Mahfoud. Bauru, SP: EDUSC, 2006.

BRENTANO, Franz. Psychology from an Empirical Standpoint [1874]. Trad. (p/inglês) T. Rancurello, D. Terrel, L. MacAlister. Londres: Routledge, 1972. 

CASTILHO, Fausto. Husserl e a via redutiva da pergunta-recorrente que parte da Lebenswelt. Campinas - SP: Ed. Unicamp, 2015.

DARTIGUES, André. O que é a fenomenologia? Trad. Maria José de Almeida. 10ª ed.. São Paulo, SP: Centauro, 2008.

DREYFUS L. Hubert. WRARHALL (Orgs.). Fenomenologia e Existencialismo. Trad. Cecília Camargo Bartalotti e Luciana Pudenzi. São Paulo: Ed. Loyola, 2012.

GADAMER, Hans-Georg. Hegel - Husserl - Heidegger. Trad. Marco Antônio Casanova. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.

GARDNER, Howard. A nova ciência da mente. Trad. Cláudia M. Caon. 3º ed..  São Paulo: Editora da USP, 2003.

HEIDEGGER, Martin. Introdução à Metafísica. Trad. Mário Matos e Bernhard Sylla. Lisboa, Portugal: Instituto Piaget, 1997.
_________. Interpretações Fenomenológicas sobre Aristóteles. Introdução à pesquisa fenomenológica. Trad. Ênio Paulo Giachini. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.
_________.  Ser e Tempo.Tradução e notas Fausto Castilho. Campinas, SP: Ed. Unicamp/Vozes, 2012.

HUSSERL, Edmund. A Ideia da Fenomenologia. Trad. Artur Morão. Lisboa, Port.: Edições 70, 2014.
_________.Ideias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica: introdução geral à fenomenologia pura. Trad. Márcio Suzuki. Aparecida, SP: Idéias & Letras, 2006.
_________. Investigações Lógicas. Investigações para a Fenomenologia e a Teoria do Conhecimento. Trad.Pedro M. S. Alves e Carlos Aurélio Morujão. Rio de Janeiro: Forense, 2012.
_________. Invitación a la fenomenologia. Trad. Reyes Mate. Barcelona; Buenos Aires; México: Paidos, 1992.
_________. Logique formale e logique transcendentale. Trad. Suzanne Bachelard. Paris: PUF, 1964.
_________. Meditações cartesianas e Conferências de Paris. Trad. Pedro M. S. Alves. Rio de Janeiro: Forense, 2013.
_________. Méditations cartésiennes et les Conférences de Paris. Trad. para o francês Marc de Launay. Paris: Universitaires de France, 4º tirage, 2011.
_________. Renovación del hombre y de la cultura. Trad. para o espanhol Agustín Serrano de Haro. Barcelona: Anthropos editorial, 2012.
________. Europa: crise e renovação: artigos para a revista Kaizo (Japão). Trad, p/ português Pedro Alves e Carlos Morujão. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014. 

MERLEAU-PONTY, Maurice. A Natureza. Trad. Álvaro Cabral. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

NICOLESCU, Basarab. Ciência, Sentido & Evolução. A cosmologia de Jacob Boehme. Trad. Américo Sommerman. São Paulo: Attar, 1995.
___________. O Manifesto da Transdisciplinaridade. Trad. Lucia Pereira de Souza. São Paulo: Triom, 1999.

OTTO, Rudolf. O Sagrado: os aspectos irracionais na noção do divino e sua relação com o racional. Trad. Walter O. Schlupp. São Leopoldo: Sinodal/EST; Petrópolis - RJ: Vozes, 2007.

SEARLE, John R. A Redescoberta da Mente. Trad. Eduardo Pereira e Ferreira. 2º ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

SOKOLOWSKI, Robert. Introdução à Fenomenologia. São Paulo: Loyola, 2010.

STEIN, Edith. La filosofia existencial de Martin Heidegger. Trad. p/ espanhol Rosa Sala Carbó. Madri: Editorial Trotta, 2010.

VARELA, Francisco. THOMPSON, Evan. ROSCH, Eleonor. A Mente Corpórea. Ciência cognitiva e experiência humana. Trad. Joaquim Nogueira Gil e Jorge de Sousa. Lisboa: Instituto Piaget, 2001.

ZAHAVI, Dan. A Fenomenologia de Husserl. Rio de Janeiro: Via Verita, 2015.


LINK 


segunda-feira, 3 de junho de 2013

Modernos, todavia contemporâneos.

  A publicação de Husserl de uma ampla correspondência (em dez volumes) atesta que Husserl se encontrava com um grande número de intelectuais de ponta.  Na correspondência publicada, encontram-se entre outras cartas a Bergson, Binswanger, Bühler, Cantor, Cassirer, Dilthey, Frege, Gurtwisch, Hartstone, Hilbert, Hofmannstahl, Horkheimer, Jaspers, Koyré, Lask, Lévy-Bruhl, Lipps, Löwith, Mach, Marcuse, Masaryk, Nartop, Rudolf Otto, Patocka, Russel, Schstow, Scütz, Sigwart, Simmel, Steiner, Stumpf, Tawardowski e Wertheimer. (Zahavi 2015 p.9)

Husserl sobre Steiner

"Mystische Bewegungen, wie der Steinerianismus, breiten sich unglaublich aus und geben sich als die echte, den Menschen über das Empirische hinaushebende 'Geistes'-wissenschaft. Die seit Jahren ruhelos gemarterten Seelen sind von brennender Erlösungssehnsucht erfüllt, sie verfallen trüber Schwärmerei oder suchen Heil in alter und neuer Religion. Eine katholische Übertrittsbewegung von gewaltigem Umfang ist gerade in den intellectuellen Kreisen zu bemerken. Dazu religiöse Einzelbewegungen ausserhalb der Kirchen, in allen Volkskreisen, auch unter den Arbeitern.“ 
(Husserl to Masaryk 2.III.1922).
In: https://www.facebook.com/Husserl-Archives-Leuven

Rudolf Steiner 

Natho: 27.02.1861 (Croácia); 30.03.1925 (Suíça)


"A primeira coisa, que mesmo os antigos filósofos gregos enfatizam, é que aquele que só raciocina bem, que é apenas intelectual, que só vai entender as coisas simplesmente pensando e filosofando, não pode entrar nos mundos espirituais." - GA 143              Rudolf Steiner 

  




"Quando se fala em grande mundo e pequeno mundo, em macrocosmo e microcosmo - como por exemplo Goethe o fez em sua obra Fausto - fala-se do universo todo e do homem: o universo todo como sendo o grande mundo e o homem como sendo o pequeno mundo. O relacionamento entre o cosmo e o homem é, múltiplo e bastante complicado. Ao falar de nossos sentidos, daquilo que o homem é como portador de seus sentidos, afirmamos que esses sentidos receberam seu primeiro germe, seu primeiro impulso durante o desenvolvimento do antigo Saturno [...].".

 

Segundo Steiner os seres humanos são dotados de doze sentidos, são eles:
Tato - Vida - Movimento - Equilíbrio - Olfato - Paladar - Visão - Calor - Audição - Palavra - Pensar,  e o sentido do Eu.

Para ele os doze sentidos encontrados nos seres humanos podem ser classificados da seguinte forma:
Inferiores ou Volitivos: Tato, Vital, Movimento e Equilíbrio.
Intermediários ou Emotivos: Olfato, Paladar, Visão e Térmico.
Superiores ou Intelectivos: Audição, da Palavra, do Pensamento, Eu alheio.
O primeiro grupo age sobre a vontade, gerando percepções do próprio corpo, estimulando a relação do indivíduo consigo. O segundo está ligado aos sentimentos, com percepções do mundo, onde a pessoa passa a se relacionar com o meio ambiente e o mundo. O terceiro agrupamento é o do pensamento, quando despertam as percepções sobre as outras pessoas, numa relação com seus semelhantes.

sete processos vitais, são eles:
 Respiração - Aquecimento - Alimentação - Segregação - Manutenção - Crescimento - Reprodução.


"Peço-lhes que guardem muito bem esta distinção: a de que cada sentido constitui, por si só, um âmbito separado; pois é graças a essa distinção que podemos desenhar esses doze sentidos num círculo, conseguido reconhecer nesse círculo doze âmbitos separados."(R.S.)

In: STEINER, RUDOLF - Os doze sentidos e os sete processos vitais: conferências realizada em Dornach (Suíça) 12 de agosto de 1916. Tradução para o português de Christa Glass - SP: Editora Antroposófica, 1997.

GOETHEANUM
(Sede da Fundação Antroposófica)

Dornach: 2015 - Rue Rüttiweg, 45 - 4143.


 
Dornach: 1921, construção em madeira.